domingo, 19 de julho de 2009

Garrano: origem e evolução

Vulgarmente descrito como um “cavalo pequeno mas robusto”, o garrano é um animal autóctone peninsular, e constitui com os seus 25 mil anos de idade uma das raças mais antigas do mundo (Batista, 1993). De facto, o garrano parece ter sido desde o início do quaternário um cavalo autóctone peninsular (Frazão, 1944).
Parente próximo dos póneis do norte da Europa, o garrano é característico das regiões montanhosas, frias e húmidas, tendo evoluído na sequência do avanço e recuo dos glaciares do Paleolítico médio. Fruto da sua particular aptidão, rusticidade e adaptação às variações do clima pós-glacial (de frio e seco a temperado e húmido), o garrano surge assim como o Reliquat da fauna glacial do Paleolítico, sobrevivendo na Península Ibérica, contrariamente ao que sucedeu com muitas outras espécies, como a rena e o bisonte, que se viram obrigadas a emigrar para regiões do norte da Europa (Andrade, 1938; Cannas da Silva, 1973).
De extremidades curtas, pouco corpulentos, membros robustos, pescoço grosso, perfil da cabeça recto ou côncavo, crinas fartas e apresentando muito frequentemente pelagem invernal, constituem uma imagem quase fiel do garrano actual, encontra-se representado em numerosas pinturas rupestres do norte da Península Ibérica, como por exemplo, La Pasiega e Altamira, datadas de 20000 a.c..
Bernardo Lima (1913) distingue duas castas ou raças para o tipo Céltico: a Castelhana e a Galiziana, sendo esta constituída na sua totalidade por cavalos garranos de rija têmpera, rufões por índole. Como animal de elevada rusticidade o garrano surge assim, quer pela sua conformação física, quer pelos seus hábitos comportamentais, como um animal perfeitamente integrado e bem adaptado ao seu meio ecológico, chegando a adquirir até aos anos 60, do século XX, um grande interesse comercial e utilitário. Com a progressiva mecanização de agricultura foram-se perdendo as suas tradicionais funções.
Animal de elevada riqueza pecuária, é ainda considerado como o “rebelde primitivo do norte” (Catanho, 1989).

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