quinta-feira, 19 de abril de 2007

Um problema global e (i)moral ...

Empresas madeireiras de portugueses trocam açúcar, sal e cerveja por direitos sobre vastas áreas de floresta do Congo, explorando actualmente o equivalente a metade do continente português, noticia a revista “Visão” na edição de 19 de Abril. A Greenpeace denuncia o que diz serem contratos imorais com as populações locais. Documentos facultados pela Greenpeace à revista revelam que quatro empresas obtiveram nos últimos cinco anos concessões para explorar a floresta, apesar de existir uma moratória do Banco Mundial.
Em troca de prémios monetários ou de bens (sabão, sal, café, entre outros), as aldeias cedem as suas florestas e os chefes assumem a responsabilidade de prevenir e impedir manifestações da população

Além de considerar imoral a realização de contratos como este, a Greenpeace acusa as quatro empresas portuguesas de trabalharem ilegalmente, uma vez que existe desde Maio de 2002 uma moratória do Banco Mundial que impede novas concessões para travar a exploração selvagem das florestas.



De referir que a floresta tropical do Congo é a segunda maior do mundo, depois da Amazónia, e tem mais de 50 áreas de exploração de madeira em zonas consideradas de conservação prioritária.
Segundo a notícia, a Greenpeace alerta também para o contributo da indústria da madeira para o efeito de estufa, estimando que a desflorestação do Congo provoque a emissão de 34,4 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono até 2050, o equivalente ao que Portugal lançará para a atmosfera nos próximos 420 anos.

Bibliografia:
www.publico.pt
http://visao.clix.pt/

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Será que a nossa espécie está a assistir à maior catástrofe desde a sua existência ?...

Assista a uma parte do documentário "Last Days on Earth", do canal ABC, sobre as alterações climáticas.


Testemunhos das alterações climáticas

Hoje já não é possível fugir à realidade: as alterações climáticas estão a acontecer, já não são cenário futuro.
A WWF dá a conhecer algumas pessoas que testemunham as consequências de tais mudanças.
Conheça algumas dessas histórias...

Cordão Verde

Projecto Cordão Verde foi a designação utilizada pelo WWF para a sua estratégia de conservação de Ecossistemas Prioritários no Mediterrâneo, de acordo com os princípios do Planeamento Eco-regional. Países como a Itália, Croácia, Marrocos, Tunísia, Turquia e Portugal fazem parte das regiões ecológicas do mediterrâneo identificadas pelo WWF-Programa Mediterrâneo como áreas de identificação prioritária.
De referir que o “Cordão Verde”
foi o primeiro projecto de referência na área da conservação de ecossistemas prioritários lançado pelo WWF em Portugal.
O WWF- MedPO identificou o Sul de Portugal como uma região de elevado valor para a conservação da natureza, tendo lançado a iniciativa “Um Cordão Verde para o Sul de Portugal” em 2001. O Cordão Verde português inclui o Vale do Guadiana, Serras do Caldeirão, Monchique e litoral Alentejano (que estabelecem uma continuidade ecológica entre a costa atlântica e o vale do rio Guadiana) e estende-se ao longo de aproximadamente 4750 km2. Nestes locais situa-se a mais extensa e significativa mancha florestal de vegetação mediterrânica de baixa montanha do país. No território Cordão Verde foram lançados os principais projectos de demonstração do WWF em Portugal.
O território Cordão Verde é assumido como uma unidade de paisagem, onde se pretende inverter as tendências de degradação ambiental e contribuir para a melhoria das condições de vida das populações.


Fonte: Naturlink

O projecto Cordão Verde pretende criar as condições necessárias para restabelecer a continuidade ecológica, harmonizando os processos ecológicos e sócio-económicos a longo prazo. Numa primeira, fase foram identificados e caracterizados os núcleos de maior biodiversidade e valor ecológico, bem como os corredores que permitem a sua interligação. Foram também abordadas as formas de assegurar a sua conservação, tendo em conta a realidade sócio-económica destes locais. Numa segunda fase, estabeleceram-se parcerias com a sociedade civil e instituições públicas no sentido de estabelecer um quadro de acção alicerçado no êxito de um conjunto de acções de gestão que pudessem inverter a tendência que ameaça a preservação dos recursos naturais, valorizando-se os benefícios que estes podem ter na economia local.
Está a decorrer na Herdade da Ribeira Abaixo, situada na Serra de Grândola, um projecto pioneiro de restauro ecológico do sobreiral - Campo de Demonstração de Técnicas de Gestão de Sobreiral - Southern Portugal Cork Oak Forests Landscape Restoration - que envolve o WWF-MedPO, o Centro de Biologia Ambiental (CBA) e a Associação de Desenvolvimento do Litoral Alentejano.
Na Herdade da Ribeira Abaixo o projecto encontra-se a decorrer sobre parcelas florestais, onde são demonstradas técnicas de Recuperação de Sobreirais degradados utilizando técnicas de desenvolvidas no âmbito do conceito de Restauro Ecológico de Ecossistemas.
Por Restauro Ecológico de Ecossistemas (REE) entende-se uma acção de recuperação de um ecossistema no que diz respeito à sua vitalidade, integridade e sustentabilidade. O Restauro Ecológico é assim um processo de recuperação de um ecossistema que foi degradado, danificado ou destruído.
O Cordão Verde promove a aplicação do Restauro Ecológico de Ecossistemas à Escala da Paisagem, onde a conservação da natureza é entendida à escala de uma eco-região (ex. território Cordão Verde do Sul de Portugal). Esta é uma forma de pensar o ordenamento e a gestão do território à escala da paisagem, onde se devem considerar ao mesmo nível a preservação da integridade e conectividade ecológicas e necessidades sócio-económicas.
O WWF e a UICN definem Restauro de Paisagem Florestal como um processo de planeamento que pretende recuperar a integridade ecológica e incrementar o bem-estar humano em paisagens florestais degradadas. Os princípios defendidos pelo WWF e IUCN, sobre a conservação das florestas são:

  • Princípio de Integridade Ecológica: Contribuir para a manutenção da diversidade e qualidade dos ecossistemas, o reforço da sua resiliência e de garantir as necessidades das gerações vindouras.
  • Princípio da Abordagem Eco-regional: Envolver os actores chave na tomada de decisão sobre o planeamento do território, a uma escala que influencie o fornecimento de bens e serviços da floresta, enquadrado no âmbito de uma estratégia Eco-regional de Conservação.
  • Princípio do Bem-estar Humano: Assegurar que todas as pessoas possam participar na tomada de decisão, sobre aspectos que afectem a satisfação das suas necessidades, a conservação dos seus recursos e de realização do seu potencial humano.

O projecto “Campo de Demonstração de Técnicas de Gestão de Sobreiral” na Herdade da Ribeira Abaixo, em Grândola visa a aplicação destes princípios numa escala de demonstração em parcelas de 20 Ha.

Bibliografia:
http://www.in-loco.pt/inloco/cordaoverde.htm
http://www.naturlink.pt/
http://www.agroportal.pt
http://www.panda.org/about_wwf/where_we_work/europe/what_we_do/mediterranean/index.cfm

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Um quarto das espécies estão ameaçadas de extinção...

Peritos de mais de uma centena de países integrados no Painel Intergovernamental da Mudança Climática (Giec) aprovaram hoje um relatório sobre a vulnerabilidade e o impacto que este processo terá no ambiente e na sociedade.
É a segunda reunião do painel intergovernamental, após o encontro em Paris de Fevereiro passado.

O IPCC é um organismo criado em 1988 pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA) e pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) com a missão de reunir e analisar informação sobre o contributo da acção humana no agravamento das alterações climáticas.
O documento analisa as consequências para o ambiente, a agricultura, as florestas, a pesca, a saúde das pessoas e dos animais e avalia a capacidade do Homem de se prevenir contra desastres naturais.

Segundo uma notícia do jornal Público, de 2/4/07, o relatório prevê impactes desiguais do sobre-aquecimento: as nações tropicais de África ao Pacífico, maioritariamente pobres, deverão suportar o peso das mudanças, com a subida do nível médio do mar, por exemplo. O esboço do relatório prevê vagas de calor, secas e inundações que podem causar a fome a milhões de pessoas, especialmente na Ásia e África, e falta de água que podem atingir 3,2 mil milhões de pessoas.
O relatório refere ainda que um quarto das espécies de fauna e flora do mundo estarão ameaçadas de extinção durante este século caso a temperatura média do planeta aumente dois ou três graus em relação a 1990, advertem especialistas.
O relatório do IPCC, que reúne 2500 cientistas, publicado em Fevereiro prevê um aumento do nível do mar de 18 a 59 centímetros até 2100.
Até a Rússia, que poderia viver melhor com mais dois graus, pode dar-se mal com as alterações do clima. O aumento das temperaturas pode reduzir a espessura do permafrost (solo permanentemente gelado), sobre o qual estão construídas muitas estradas e cidades – do Canadá à Sibéria – e trazer epidemias do Sul para o Norte. No ano passado, o relatório Stern concluiu que não pode haver vencedores.
“É algo muito perigoso dizer que as alterações climáticas vão trazer benefícios”, comentou Anders Portin, vice-presidente da Federação da Indústria Florestal finlandesa. Os produtores de pasta de papel receiam o aumento das pragas de insectos, normalmente mortos pelas temperaturas baixas do Inverno.
O 4º Relatório do IPCC é elaborado por três grupos de especialistas.


Bibliografia:
www.publico.pt
http://www.ipcc.ch

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Atlas mundial da Biodiversidade

A biodiversidade marinha e terrestre, quais as espécies em risco de extinção, a relação entre a espécie humana e a biodiversidade, são apenas alguns dos itens que podem ser explorados no Atlas Mundial da Biodiversidade.

A não perder !...

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Conservação da natureza, a escola tem um papel crucial ...

Muitas árvores foram abatidas e rios de tinta tiveram de correr para que se pudesse reforçar no “papel” as preocupações em relação aos problemas que se manifestam no ambiente e à consequente diminuição da qualidade de vida do ser humano. Inequivocamente, essa qualidade de vida está relacionada com o crescimento dos problemas ambientais que resultam, na maior parte das vezes, da incúria do ser humano em favor do poder económico (ou pelo menos assim parece).
Importa, assim, criar condições que contribuam para a diminuição da frequência e da intensidade de catástrofes ambientais e evitar o aparecimento de novos problemas.
Nos últimos anos, parece generalizada a ideia de que a Escola não formou adequadamente, em termos ambientais, os cidadãos que se encontram hoje em idade activa, sendo notória a necessidade de preparar as crianças e os jovens no sentido de um desenvolvimento sustentável. Nesta sequência, é visível a contradição entre os investimentos – financeiro, na investigação, formativo, etc. – que a vários níveis têm sido feitos em termos de Educação Ambiental e os resultados negativos que cada vez mais se verificam no que respeita aos índices de degradação do ambiente, quer em termos nacionais, quer em termos planetários.
Sendo a escola o lugar privilegiado das aprendizagens, onde se devem adquirir valores e promover atitudes e comportamentos “pró-ambientais”, torna-se urgente uma intervenção eficaz, ao nível da educação, que na perspectiva de desenvolvimento sustentável inverta a tendência actual, comprometedora da existência da própria espécie humana.


Cabe à geração actual criar as oportunidades com vista a uma educação que desenvolva competências ambientais no que se refere aos actores do futuro. Como cidadãos, as crianças e os jovens devem aprender a tomar decisões relativas ao ambiente e a estar conscientes relativamente à tomada de certas decisões políticas que podem ter consequências ambientais. As experiências educativas de projectos de temática ambiental, recorrendo ao trabalho dentro e fora da sala de aula, utilizando o ambiente como recurso e integrando saberes e métodos de pesquisa de diferentes áreas disciplinares, podem contribuir para a formação integral dos alunos e para a construção de uma cidadania participativa e consciente (in Educação Ambiental, Guia anotado de recursos, IIE, 2001).
Na actualidade e na sociedade de informação em que vivemos, constata-se que grande parte da informação que chega aos cidadãos é veiculada pelos media. As regras pelas quais estes se regem são também regras de competitividade comercial (como a publicidade ou as audiências), ou mesmo outras menos nobres de condução de massas. No entanto toda essa informação acaba por “passar” pelas mentes dos indivíduos. A capacidade de selecção da informação a reter não é igual para todos. Tenhamos também a consciência de que, da informação veiculada em catadupa por um qualquer órgão de imagem e som, só uma parte muito pequena fica retida. A única forma, então, de gerar uma efectiva mudança de atitudes será através de um processo duradouro, cuidado e adaptado às atitudes e aos comportamentos que se deseja incutir, bem como à população alvo.
Tornou-se uma necessidade o desenvolvimento de uma cultura social, por contraponto a uma iliteracia social que grassa, muitas vezes de forma não proporcional ao “desenvolvimento” económico das sociedades. O processo de aprendizagem deve ser preferencialmente orientado para os valores e não para os dogmas. Se se conseguir incutir na população alvo as capacidades e os valores elementares será possível que cada um construa os seus próprios dogmas, e será possível construir uma cultura social. Assim sendo, será mais fácil entender as diferenças de valores, compreender a evolução dos valores sociais com o tempo, inclusive aumentar a capacidade de sobrevivência (in Educação Ambiental e Educação para a Cidadania, Revista APEI, Agosto 2001).

domingo, 1 de abril de 2007

Iraque, é possível voltar ao Jardim do Éden?


As últimas notícias sobre o Iraque não têm sido infelizmente sobre as melhores razões. Passaram agora 4 anos da invasão norte-americana ao Iraque, concebida para desarmar as forças então vigentes e criar um enclave democrático pró-ocidental no Médio Oriente. Hoje em dia o país está fechado numa espiral de violência sectária devastadora que fez dezenas de milhar de mortos.
Para muitos especialistas esta guerra tem como pano de fundo um importante recurso natural, o petróleo. E o que é feito do grande recurso global que é a biodiversidade? Sendo a espécie humana uma parte integral dos ecossistemas a biodiversidade local tem sofrido terríveis consequências com todos estes conflitos militares.
Entre as principais consequências para o ambiente das guerras destaco: os derrames de petróleo, fugas de substâncias químicas (devido por exemplo ao bombardeamento a fábricas, refinarias e armazéns); o uso de agentes químicos; a destruição de habitats; a destruição de solos aráveis, e a colocação de minas.
Mas, nem tudo é negativo...
A "Nature Iraq", uma ONGA recém formada, publicou o primeiro guia de campo das aves do Iraque, em árabe. Sendo as aves boas indicadoras da qualidade do ambiente e tendo aquele país sofrido nos últimos 20 anos grandes perdas de biodiversidade torna-se importante ter materiais na língua do país, de modo a aumentar a sensibilização para estas questões. A biodiversidade é crucial para o desenvolvimento económico de qualquer região.
Desde a queda do governo de Saddam Hussein, em 2003, que as zonas húmidas da Mesopotâmia têm sido alvo de um programa internacional para recuperar o seu património ecológico e sócio-cultural. Estas zonas, que foram 90% drenadas no passado, estão hoje a recuperar, voltando a aparecer os peixes, as aves e muitos outros animais que, entre outras funções, podem servir de alimento e recurso às pessoas que aí habitam.


Aliás, é curioso verificar que o actual Iraque, berço dos impérios sumérios e babilónios, em cuja zona de influência se estende agora o deserto: no avanço do delta do Tigre e do Eufrates sobre o Golfo Pérsico estão depositados os solos ricos da antiga Mesopotâmia.
Mais uma vez o Homem está a assumir-se como um agente poderoso de alteração do ambiente. Não nos podemos esquecer que a humanidade sempre dependeu dos serviços prestados pela biosfera e pelos seus ecossistemas. A recuperação destes habitats é fundamental como suporte da própria vida.
Pensa-se que estas zonas terão sido a inspiração para a narração do Éden. Segundo o Livro do Génesis, no Jardim do Éden, Deus fez desabrochar toda a espécie de árvores e de saborosos frutos para comer. Actualmente, a constatação da importância da biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas são, em certa medida, uma procura de salvação do "jardim" dos nossos dias...