domingo, 1 de abril de 2007

Iraque, é possível voltar ao Jardim do Éden?


As últimas notícias sobre o Iraque não têm sido infelizmente sobre as melhores razões. Passaram agora 4 anos da invasão norte-americana ao Iraque, concebida para desarmar as forças então vigentes e criar um enclave democrático pró-ocidental no Médio Oriente. Hoje em dia o país está fechado numa espiral de violência sectária devastadora que fez dezenas de milhar de mortos.
Para muitos especialistas esta guerra tem como pano de fundo um importante recurso natural, o petróleo. E o que é feito do grande recurso global que é a biodiversidade? Sendo a espécie humana uma parte integral dos ecossistemas a biodiversidade local tem sofrido terríveis consequências com todos estes conflitos militares.
Entre as principais consequências para o ambiente das guerras destaco: os derrames de petróleo, fugas de substâncias químicas (devido por exemplo ao bombardeamento a fábricas, refinarias e armazéns); o uso de agentes químicos; a destruição de habitats; a destruição de solos aráveis, e a colocação de minas.
Mas, nem tudo é negativo...
A "Nature Iraq", uma ONGA recém formada, publicou o primeiro guia de campo das aves do Iraque, em árabe. Sendo as aves boas indicadoras da qualidade do ambiente e tendo aquele país sofrido nos últimos 20 anos grandes perdas de biodiversidade torna-se importante ter materiais na língua do país, de modo a aumentar a sensibilização para estas questões. A biodiversidade é crucial para o desenvolvimento económico de qualquer região.
Desde a queda do governo de Saddam Hussein, em 2003, que as zonas húmidas da Mesopotâmia têm sido alvo de um programa internacional para recuperar o seu património ecológico e sócio-cultural. Estas zonas, que foram 90% drenadas no passado, estão hoje a recuperar, voltando a aparecer os peixes, as aves e muitos outros animais que, entre outras funções, podem servir de alimento e recurso às pessoas que aí habitam.


Aliás, é curioso verificar que o actual Iraque, berço dos impérios sumérios e babilónios, em cuja zona de influência se estende agora o deserto: no avanço do delta do Tigre e do Eufrates sobre o Golfo Pérsico estão depositados os solos ricos da antiga Mesopotâmia.
Mais uma vez o Homem está a assumir-se como um agente poderoso de alteração do ambiente. Não nos podemos esquecer que a humanidade sempre dependeu dos serviços prestados pela biosfera e pelos seus ecossistemas. A recuperação destes habitats é fundamental como suporte da própria vida.
Pensa-se que estas zonas terão sido a inspiração para a narração do Éden. Segundo o Livro do Génesis, no Jardim do Éden, Deus fez desabrochar toda a espécie de árvores e de saborosos frutos para comer. Actualmente, a constatação da importância da biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas são, em certa medida, uma procura de salvação do "jardim" dos nossos dias...

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