Muitas árvores foram abatidas e rios de tinta tiveram de correr para que se pudesse reforçar no “papel” as preocupações em relação aos problemas que se manifestam no ambiente e à consequente diminuição da qualidade de vida do ser humano. Inequivocamente, essa qualidade de vida está relacionada com o crescimento dos problemas ambientais que resultam, na maior parte das vezes, da incúria do ser humano em favor do poder económico (ou pelo menos assim parece).
Importa, assim, criar condições que contribuam para a diminuição da frequência e da intensidade de catástrofes ambientais e evitar o aparecimento de novos problemas.
Nos últimos anos, parece generalizada a ideia de que a Escola não formou adequadamente, em termos ambientais, os cidadãos que se encontram hoje em idade activa, sendo notória a necessidade de preparar as crianças e os jovens no sentido de um desenvolvimento sustentável. Nesta sequência, é visível a contradição entre os investimentos – financeiro, na investigação, formativo, etc. – que a vários níveis têm sido feitos em termos de Educação Ambiental e os resultados negativos que cada vez mais se verificam no que respeita aos índices de degradação do ambiente, quer em termos nacionais, quer em termos planetários.
Sendo a escola o lugar privilegiado das aprendizagens, onde se devem adquirir valores e promover atitudes e comportamentos “pró-ambientais”, torna-se urgente uma intervenção eficaz, ao nível da educação, que na perspectiva de desenvolvimento sustentável inverta a tendência actual, comprometedora da existência da própria espécie humana.
Cabe à geração actual criar as oportunidades com vista a uma educação que desenvolva competências ambientais no que se refere aos actores do futuro. Como cidadãos, as crianças e os jovens devem aprender a tomar decisões relativas ao ambiente e a estar conscientes relativamente à tomada de certas decisões políticas que podem ter consequências ambientais. As experiências educativas de projectos de temática ambiental, recorrendo ao trabalho dentro e fora da sala de aula, utilizando o ambiente como recurso e integrando saberes e métodos de pesquisa de diferentes áreas disciplinares, podem contribuir para a formação integral dos alunos e para a construção de uma cidadania participativa e consciente (in Educação Ambiental, Guia anotado de recursos, IIE, 2001).
Na actualidade e na sociedade de informação em que vivemos, constata-se que grande parte da informação que chega aos cidadãos é veiculada pelos media. As regras pelas quais estes se regem são também regras de competitividade comercial (como a publicidade ou as audiências), ou mesmo outras menos nobres de condução de massas. No entanto toda essa informação acaba por “passar” pelas mentes dos indivíduos. A capacidade de selecção da informação a reter não é igual para todos. Tenhamos também a consciência de que, da informação veiculada em catadupa por um qualquer órgão de imagem e som, só uma parte muito pequena fica retida. A única forma, então, de gerar uma efectiva mudança de atitudes será através de um processo duradouro, cuidado e adaptado às atitudes e aos comportamentos que se deseja incutir, bem como à população alvo.
Tornou-se uma necessidade o desenvolvimento de uma cultura social, por contraponto a uma iliteracia social que grassa, muitas vezes de forma não proporcional ao “desenvolvimento” económico das sociedades. O processo de aprendizagem deve ser preferencialmente orientado para os valores e não para os dogmas. Se se conseguir incutir na população alvo as capacidades e os valores elementares será possível que cada um construa os seus próprios dogmas, e será possível construir uma cultura social. Assim sendo, será mais fácil entender as diferenças de valores, compreender a evolução dos valores sociais com o tempo, inclusive aumentar a capacidade de sobrevivência (in Educação Ambiental e Educação para a Cidadania, Revista APEI, Agosto 2001).
1 comentário:
Tenho acompanhado as suas entradas no blog com muito interesse e dado a profundidade que coloca nas questões que aborda não tem sido fácil comentá-las, também por um problema técnico, dado que não fui capaz de registar qualquer comentário, até hoje. No entanto, fui fazendo as minhas anotações.
Quanto ao papel crucial da escola na Conservação da Natureza não podia estar mais de acordo. De facto, a escola tem de assumir a formação ambiental das crianças e dos jovens, que serão os nossos decisores do futuro.
E o futuro é já amanhã!
Assim, a escola terá de proporcionar aos seus alunos competências no âmbito da educação ambiental que lhes permita tornarem-se cidadãos participativos e conscientes do seu papel na comunidade.
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