quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Poluição do rio Alviela, uma longa história ...

São várias as notícias que relatam situações graves de poluição no rio Alviela: “Mega-descarga mata peixes no Rio Alviela” – Sol, 12 de Janeiro de 2007; Nova descarga de químicos no rio Alviela mata centenas de peixes. Poluição causada pela Etar de Alcanena” – Agência Lusa, 12 de Fevereiro de 2006; Dezenas de peixes mortos no Alviela”. Diário de Notícias, 26 de Julho de 2004.

As causas para a poluição do Alviela estão bem identificadas e são as indústrias de curtumes da região e o mau funcionamento da ETAR de Alcanena, para onde são lançados os efluentes das indústrias de curtumes. Esta situação tem vindo a arrastar-se há vários anos.

De referir que a indústria dos curtumes é uma das mais antigas e tradicionais do País. Uma parte significativa da sua produção destina-se à indústria do calçado. Segundo dados do Instituto dos Resíduos cerca de 75% das empresas de curtumes com actividade de fabrico situam-se na região de Lisboa e Vale do Tejo, mais propriamente em Alcanena. Existem actualmente cerca de 70 empresas de curtumes a funcionar na região.

É interessante verificar que já em 1957, foi criada a CLAPA, Comissão de Luta Anti Poluição do Alviela, sendo legalizada em 1976.


Mais curioso é verificar que em 30/5/1730 a Câmara de Torres Novas publica uma postura em que proíbe a lavagem dos coiros na fonte de Vila Moreira. Este é o primeiro documento anti-poluição publicado na zona, e significa, além do mais, que a actividade de lavagem era importante. Se o não fosse, certamente a Câmara não lhe daria importância. Está publicada em “O Alviela” a queixa de um industrial de Vila Moreira dirigida à rainha D. Maria I por ter sido multado por falta de cumprimento desta portaria.

Como se constata a situação demora em ser resolvida. O sistema de saneamento, que foi construído e entrou em funcionamento durante a década de 90, parecia resolver o problema, mas a estação de tratamento de águas residuais deixou de trabalhar em condições há vários anos. Desde então, passou a verificar-se uma cor escura no rio e a registar-se, com frequência, o aparecimento de muitos peixes mortos.

Mais uma vez, em 11 de Janeiro do presente ano, foi possível voltar a assistir a uma descarga de grandes dimensões devido a uma avaria eléctrica de cerca de 12 horas e que causou uma elevada poluição no rio e a mortandade de centenas de peixes. Nesse dia, numa notícia da Lusa, Firmino Oliveira, presidente da Junta de Freguesia de Vaqueiros e membro da Comissão Mista de Luta Anti-Poluição do Alviela, afirmava "…Nós, que vivemos nas zonas ribeirinhas, estamos mais uma vez a sofrer sem culpa nenhuma". A água revelava uma cor escura, cheiro fétido e manchas de espuma à superfície. Este autarca equipara esta situação aos piores tempos de poluição e diz mesmo que se regrediu 30 anos. À reportagem de “”O Ribatejo”, Firmino Oliveira, mostrou lamas retiradas do leito do rio em que diz haver acumulação de metais perigosos e que exalam um cheiro pestilento. Explicou ainda que a Comissão Mista para a Despoluição do Alviela se encontra inactiva devido à incapacidade de reunir as partes envolvidas. foi entregue uma petição na Assembleia da República e nem sequer foi agendada”. O cenário é de sucessivas descargas, tornando este problema crónico.

Fonte: http://www.youngreporters.org/article-imprim.php3?id_article=1871

Mas, para quando a resolução deste problema ambiental?

Todos sabemos que a água é um bem precioso indispensável à vida. Nesta caso, é importante realçar que a nascente dos Olhos de Água do Alviela, que tem uma bacia de alimentação estimada em 180 km2, constituiu uma das principais origens de abastecimento de água à cidade de Lisboa. Em 1880 foi construído um aqueduto com cerca de 120 km de extensão que permitiu o transporte diário máximo de 70.000 m3 desde esta nascente até à capital, aos quais se juntavam 30.000 m3 da Ota e 60.000 m3 de Alenquer.

A água está actualmente no centro de uma crise sem precedentes que tem por principais factores o aumento da população, a poluição, a insuficiente gestão dos recursos hídricos, alterações climáticas, entre outros factores. Mas também como é sublinhado no Relatório Mundial sobre a Água, sobre a escassez da água no mundo, esta crise deve-se também à inércia política e à falta de uma tomada de consciência das populações.

O problema da poluição do Alviela arrasta-se há muitos anos, até quando vamos ficar à espera …

1 comentário:

Joao Cruz disse...

Gostava de saber a situação atual do rio Alviela. Mantem-se a situação de poluição ou já está resolvida? Pertenço a uma banda que lançou o tema Alviela (passou na altura num programa de TV chamado Clip-club) que retratava a situação trágica do rio. Estamos a pensar reeditar o tema com nova roupagem mas não terá grande lógica falarmos da (má) situação do rio se a mesma já estiver resolvida. Agradecia umas linhas OK? Abraço!