sábado, 24 de fevereiro de 2007

A biodiversidade não é um luxo, é um pré-requisito para a vida

Lírio-do-Gerês

O bem-estar humano e o progresso em direcção ao desenvolvimento sustentável dependem de forma vital da melhoria da gestão dos ecossistemas da Terra de modo a assegurar a sua conservação e uso sustentável. No entanto, enquanto a procura de serviços de ecossistema, tais como alimento e água potável estão a aumentar, ao mesmo tempo, as actividades humanas diminuem a capacidade de muitos ecossistemas de responder a esta procura. Políticas apropriadas e intervenções de gestão podem, frequentemente, reverter a degradação e melhorar a contribuição dos ecossistemas para o bem-estar humano, mas saber quando e como intervir requer uma grande compreensão dos sistemas ecológicos e sociais envolvidos.

A humanidade sempre dependeu dos serviços prestados pela biosfera e pelos seus ecossistemas. Para mais, a biosfera é em si própria o produto da vida na Terra. A composição da atmosfera e do solo, a circulação dos elementos pelo ar e pelos cursos hídricos, e muitos outros bens e serviços ecológicos são o resultado de processos vivos, e todos são mantidos e reabastecidos por ecossistemas vivos. A espécie humana, embora protegida das acções imediatas do meio ambiente através da cultura e da tecnologia, está em última instância totalmente dependente do funcionamento dos serviços dos ecossistemas.

A biodiversidade é a base de sustentação dos bens e serviços fornecidos pelos ecossistemas, os quais são cruciais ao bem-estar e sobrevivência do Homem. Os bens e serviços, fornecidos pelo ecossistema, têm um valor económico significativo, apesar de alguns destes bens e a maioria destes serviços não serem comercializados e não possuírem “preço tabelado”. O seu valor advém dos usos directos (v.g. na alimentação, medicamentos, controle biológico, matérias-primas para a indústria, lazer e turismo) e usos indirectos dos serviços providos pela biodiversidade (ex. fotossíntese, regulação atmosférica, climática e hidrológica, ciclo de nutrientes, controle de pestes, polinização, e formação e manutenção do solo). Além disso, tem também uma variedade de outros valores não utilizados, nomeadamente o seu valor intrínseco (valor inerente) e o seu valor de legado (valor para as futuras gerações).

A biodiversidade tem aumentado desde a origem da vida terrestre, embora de forma descontínua, atingindo o seu pico máximo antes do aparecimento da humanidade e tendo vindo a decrescer desde então.

Actualmente, as notícias não são nada boas: segundo o relatório “O Planeta Vivo 2006, da WWF, confirma-se que consumimos os recursos naturais a um ritmo superior à sua capacidade de renovação – os últimos dados disponíveis (relativos a 2003) indicam que a Pegada Ecológica da humanidade, uma medida de nosso impacto sobre o planeta, mais que triplicou desde 1961. A nossa Pegada Ecológica agora supera a capacidade de regeneração do mundo em aproximadamente 25%. As consequências da crescente pressão que exercemos sobre os sistemas naturais da Terra são, de acordo com este relatório, ao mesmo tempo previsíveis e catastróficas. O outro índice utilizado neste documento, o Planeta Vivo, mostra uma perda rápida e contínua de biodiversidade. Populações de espécies de vertebrados sofreram redução de aproximadamente um terço desde 1970, o que confirma tendências anteriores. A mensagem desses dois indicadores é clara e urgente: nos últimos 20 anos, excedemos a capacidade da Terra para suportar os nossos estilos de vida, e é necessário parar.

Então, do que está à espera?

Dê o primeiro passo para a sustentabilidade – conheça a sua Pegada Ecológica.

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