quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

A geologia está na rua!

É frequente ouvir-se dizer: “existem males que vêm por bem”… Pois é bem verdade, veja-se o caso do terramoto de 1 de Novembro de 1755, que colocou Lisboa nas "bocas do mundo". Provavelmente esta ocorrência esteve na base de uma grande explosão de conhecimentos sobre a geologia portuguesa.

Um exercício interessante é o de analisar a valorização do património geológico na toponímia de uma cidade. Os nomes escolhidos têm, muitas vezes, referências a uma determinada utilização de rochas ou minerais por exemplo, existindo por isso uma justificação científica e/ou económica para essa atribuição.

A Geologia portuguesa pode considerar-se bem representada na toponímia da cidade, quer no que se refere a grandes vultos de geocientistas, quer no que se refere a termos geológicos. Estes últimos, particularmente ligados à variada constituição geológica dos terrenos em que assenta a cidade, estiveram melhor representados na primeira metade do século XX; contudo, a urbanização impôs modificações consideráveis nalgumas freguesias, com o consequente desaparecimento de muitos termos particularmente ligados a Vilas, Quintas e Pátios.

São vários os termos geológicos presentes na toponímia da cidade, se bem que alguns deles tenham caído actualmente em desuso, ou tenham mesmo desaparecido por motivos vários.

Apresentam-se de seguida alguns exemplos actuais:

a) Sítio do Calhau, Miradouro do Calhau e Parque Urbano do Calhau (freguesias de São Domingos de Benfica e de Campolide);

b) Rua da Mãe de Água (Freg. de S. José);

c) Escadinhas dos Terramotos (freg. do Santo Condestável);

d) Rua da Prata (ex-Rua Bela da Rainha) e Travessa das Pedras Negras (freg. da Madalena) e Rua das Pedras Negras (freg. da Sé);

e) Rua das Pedreiras (freg. de Santa Maria de Belém), Caminho das Pedreiras (Monsanto), Rua da Pedreira do Fernandinho (freg. de Campolide), Beco da Pedreira da Caneja (freg. do Santo Condestável) e Rua da Cascalheira (freg. de Alcântara) - todas estas ruas estão relacionadas com a existência de pedreiras de calcários cretácicos, os chamados “Calcários de rudistas”, os “Calcários de Neolobites vibrayeanus” e os “Calcários de Alveolinídeos” do Cenomaniano.

A maioria das pessoas que passa por estes locais nem repara nos nomes e muito menos estabelece uma relação entre esse nome e a história do local.
A geodiversidade está à nossa volta e no nosso dia-a-dia…


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