A natureza cuja evolução, está provado, ser lenta e permanente, possui valor em si mesma independentemente da utilidade económica que tem para o ser humano que vive nela. Esta ideia central define a chamada ecologia profunda – cuja influência é hoje cada vez maior – e expressa a percepção prática de que o Homem é parte inseparável, física, psicológica e espiritualmente, do ambiente em que vive.
Estamos hoje num mundo em rápida mutação. Por um lado conseguimos compreender essas alterações, até por que a nossa espécie é a grande responsável por elas. Mas por outro lado, parece que não conseguimos alterar, de forma significativa, o rumo destes acontecimentos.
Estamos então perante um novo paradigma. Este pode ser chamado de uma visão de mundo holística, que concebe o mundo como um todo integrado, e não como uma colecção de partes dissociadas. Pode também ser denominado visão ecológica, se o termo "ecologia" for utilizado num sentido muito mais amplo e profundo que o usual. A percepção ecológica profunda reconhece a independência fundamental de todos os fenómenos e o facto de que, enquanto indivíduos e sociedades, estamos todos encaixados nos processos cíclicos da natureza (e, em última análise, somos dependentes desses processos).
Mas esta necessária mudança de paradigma não estará associada a uma avaliação das nossas percepções e maneiras de pensar, e acima de tudo, ao repensar dos nossos valores. Até hoje a história diz-nos que o Homem tem-se baseado em valores centrados nele próprio (visão antropocêntrica). Será então necessário mudar estes valores de modo a que estejam centrados na Terra (visão ecocêntrica).
Segundo a ecologia profunda, devemos reconhecer o valor inerente da vida “não-humana”. Quando, e se, compreendermos que todas os elementos que compõem o puzzle da bio e geodiversidade estão ligados entre si numa complexa rede de dependências, então esta nova percepção chegou ao nosso quotidiano. Talvez seja este o passo fundamental para a tão urgente sustentabilidade…
Sem comentários:
Enviar um comentário