sábado, 24 de fevereiro de 2007

O Teixo, “de venenoso a bestial…”

O Teixo (Taxus baccata) é uma árvore de folha perene que pode crescer até aos 24 m. É uma conífera que produz bagas vermelhas e carnudas em vez de pinhas. As folhas escuras e em forma de agulha dispõem-se em espiral à volta dos ramos.

É uma espécie originária da Europa e Ásia (menor). O seu nome diz-nos que é uma planta venenosa com bagas (Taxus = do grego toxon que significa veneno; baccata = do latim baccatus, com frutos em baga ou parecidos com bagas, aludindo o seu fruto).

O “fruto” é ovóide e constituído por um invólucro carnudo e avermelhado (arilo) aberto na porção apical, encerrando no seu interior uma única semente

O seu habitat “preferencial” são os vales e encostas húmidas, independentemente do substrato, tolera a sua acidez. Está adaptado a solos rochosos, podendo encontrar-se entre as fendas das rochas. Suporta bem as altitudes superiores aos 1000 metros e resiste bem ao ensombramento, ocupando o sub-bosque de florestas mistas de folhosas.

Segundo os druidas, o Teixo era a árvore da imortalidade e era, por isso, considerada sagrada. Mais tarde, os cristãos plantaram-na nos seus cemitérios pois, por ser venenosa, consideravam que representava a morte. Esta espécie foi, mais tarde, substituída pelos Cedros porque consta que os burros que levavam os funerais para o cemitério comiam folhas de Teixo enquanto aguardavam o fim da cerimónia e morriam como consequência.

A madeira desta árvore foi muito utilizada na idade média no fabrico de arcos. Diz a lenda que o famoso arqueiro e fora-da-lei, Robin Hood casou à sombra de um Teixo.

É incrível constatar que durante tantos anos dezenas de Teixos foram dizimados, pois eram venenosos. Aliás, toda a planta é venenosa, com excepção dos vistosos arilos. Assim é obviamente perigoso o seu consumo por parte de homens e animais.

Mas as décadas de 80 e 90, do século XX, permitiram surpreendentes descobertas. A principal razão deveu-se aos estudos de que foi alvo a substância (taxina) que lhe confere a toxicidade. A partir deste alcalóide foi isolado um princípio activo, o taxol, que apresenta propriedades medicinais. Hoje em dia é usado em tratamentos oncológicos no combate do cancro dos pulmões, mama e ovário, traduzindo-se o seu efeito na inibição da proliferação das células cancerígenas, evitando o alastramento do cancro.

Por sua vez, a caça indiscriminada de aves que disseminavam a semente, parece ter também contribuído para a raridade do Teixo.

Hoje só se encontra, em Portugal, nas zonas mais altas das serras da Estrela, Gerês e Montesinho.

Trata-se de uma espécie protegida.
Já viu algum?...

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