quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Barragem do Alqueva: benefícios vs ameaças...


A albufeira do Alqueva inunda uma área de 25000 hectares, dos quais 3500 dos quais em território espanhol. Actualmente o Alqueva é uma importante reserva estratégica de água e a maior reserva portuguesa (com cerca de 250 km2 de superfície e 83 km de comprimento).

O armazenamento de água é também um armazenamento de energia. É a maior hídrica a sul do Tejo e a terceira hidroeléctrica em potência instalada. Produz 460 GW/ano, o suficiente para alimentar uma cidade com 250 mil habitantes.

O Alqueva garante a distribuição de água às actividades económicas dela dependentes, principalmente a agricultura e as agro-indústrias, contribuindo assim, segundo os seus promotores, para um desenvolvimento económico sustentável e harmonioso na sua área de influência.

Mas…

A produção agrícola alentejana sofreu uma alteração de fundo: de cultura de sequeiro (com as plantações de cereais) a região passou para o regadio. Criam-se novas culturas, surgem novas indústrias. A água do Alqueva alimenta 115 mil hectares de regadio.

Mas será que a construção da Barragem do Alqueva não teve uma influência determinante na geodiversidade regional? Praticamente tudo mudou, em particular a paisagem e o uso do solo. para além disso, muitas espécies residentes tiveram de se deslocar e, ao mesmo tempo foram criadas as condições para outras aqui viverem. Seguramente as águas superficiais e subterrâneas sofreram também alterações de fundo.

Não pretendo fazer juízos sobre a necessidade de construção de estruturas de apoio a uma melhoria das condições de vida a nível regional. Contudo a questão que se coloca é saber se as mudanças registadas e a subsequente intervenção na bio e geodiversidade foram devidamente estudadas. Quando somos confrontados com notícias, como a de 6 de Setembro de 2001 do jornal Público onde se refere que um “estudo defende que Alqueva assenta sobre falha sísmica activa”, temos, no mínimo o direito de nos questionarmos sobre estas mudanças.

8 comentários:

Edmundo Bolinhas disse...

Alqueva já faz parte do património cultural português, para além das implicações económicas, ambientais, sociais e outras. Depois da obra concluída, muitos foram os portugueses que se deslocaram à região só para assistirem ao lento enchimento da albufeira, o que denota o interesse nacional no projecto.
O seu historial já é longo, com muitos avanços e recuos e, acima de tudo, com longos períodos de impasse e indecisão.
No decurso de algumas pesquisas encontrei uma página de uma escola da região (http://atelier.hannover2000.mct.pt/~pr584/alqenqgeo.htm) que nos apresenta o enquadramento geológico do projecto, o que é demonstrativo do nível de interesse das populações.
Em relação aos possíveis impactos, a curto e longo prazo, apresento um excerto (http://www.janelanaweb.com/digitais/rui_rosa18.html) que nos alerta para a existência de lacunas nos estudos realizados e para a necessidade de monitorização.

“Nunca tantos estudos foram feitos em Portugal, em empreendimentos hidráulicos, como no caso da barragem de Alqueva e do plano de rega do Alentejo. Mas permaneceram lacunas nos estudos prévios feitos, designadamente no que toca ao património arqueológico da zona da albufeira, que só muito parcelarmente foi inventariado, ao estudo climatológico prévio à construção da barragem, que não foi feito, e ao mais pormenorizado estudo da complexa zona de falhas em que a albufeira e a própria barragem se inscrevem. Diversos projectos científicos que foram propostos no decurso dos últimos anos, tendo mesmo como objectivo explícito o melhor conhecimento geofísico, geológico ou climatológico da zona do Alqueva, ou tendo incidência nesse melhor conhecimento, não foram realizados por não terem obtido apoio financeiro.
Agora que a albufeira de Alqueva está já em enchimento, para além dos estudos prévios do empreendimento que foram (ou não foram) feitos, impera a necessidade de manter sob observação e monitorização, ao longo de largos anos, os impactos desta grande albufeira, alguns que se farão sentir no curto prazo mas outros que só a longo prazo se tornarão evidentes. Estão reconhecidamente em causa a sismicidade induzida ou desencadeada pelo peso da massa de água, a alteração da climatologia local e regional induzida pela absorção de radiação solar e o incremento de vapor de água na atmosfera, a qualidade de água afluente, que deverá permitir a utilização dessa água para todos os fins úteis previstos e permitir manter a albufeira em condições de vida biológica equilibrada.”

J Gomes disse...

"Estão reconhecidamente em causa a sismicidade induzida ou desencadeada pelo peso da massa de água, a alteração da climatologia local e regional induzida pela absorção de radiação solar e o incremento de vapor de água na atmosfera, a qualidade de água afluente, que deverá permitir a utilização dessa água para todos os fins úteis previstos e permitir manter a albufeira em condições de vida biológica equilibrada.” Não serão razões suficientes para pensarmos sobre os prós e contras de empreendimentos deste tipo?
Muitos foram os portugueses que assistiram ao enchimento da albufeira. Valorização cultural, ou mera curiosidade? E quandos destes portugueses têm conhecimento das alterações provocadas a nível regional. É verdade que surgirão muitas oportunidades, mas não estaremos a proceder a uma inversão de valores. E quem serão os beneficiários destas alterações? Uma população local parcialmente envelhecida, alvo de muitos subsídios para "não produzir", ou em alternativa, novas empresas, novos interesses.
Não pretendo por em causa a importância do empreendimento Alqueva, mas são muitos motivos para reflectirmos um pouco...

Edmundo Bolinhas disse...

É claro que temos de questionar os prós e os contras de um projecto desta envergadura!
O que pretendi salientar é que existe uma ligação, diria quase "sentimental", entre o Alqueva e a generalidade da população. Foram muitos anos a ouvir falar deste projecto e, a pouco e pouco, isso foi começando a fazer parte das conversas do quotidiano. Se fizermos um inquérito de rua a perguntar o nome dos ministros deste governo, vai ser muito difícil encontrar quem passe nesse teste; mas qualquer pessoa nos saberia dizer algo sobre o Alqueva.
Um projecto destas dimensões, com implicações tão elevadas a nível regional e nacional, tem sempre muitas variáveis que permitem um vasto leque de leituras.

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