A invasão de um habitat por espécies exóticas, pode ser um dos principais factores de ameaça do ecossistema aí existente.
São múltiplas e crescentes as actividades humanas que estão na origem de profundas alterações nos sistemas biológicos. São destacar a expansão da agricultura em detrimento dos habitats naturais; a expansão urbana e industrial; a perda e fragmentação dos habitats naturais, alterações dos ciclos minerais, em particular o azoto; poluição do solo, do ar e da água; alterações climáticas; e invasão por espécies exóticas. De entre todas estas alterações, a invasão de um habitat por uma espécie exótica que conduz, frequentemente, à ocupação e domínio do novo território, é das situações mais difíceis de controlar e restaurar.
O problema coloca-se quando as espécies exóticas se tornam invasoras, ameaçando a sobrevivência das espécies indígenas, e não forçosamente pela introdução controlada de espécies exóticas. As espécies invasoras são pois aquelas que têm a capacidade de competir e, frequentemente, substituir, outras espécies nos seus habitats naturais, adaptando-se aos novos ambientes, distribuindo-se rapidamente para além dos locais onde foram introduzidas e passando a interferir com o desenvolvimento natural das comunidades invadidas.
As espécies exóticas invasoras tornaram-se tão familiares que muitas vezes são identificadas como espécies indígenas. Para muitas pessoas certas espécies são dotadas de uma beleza particular, facto que contribui para agravar este problema.
A invasão biológica por espécies exóticas é um processo que podemos observar de forma crescente em Portugal, e que ocorre em todo o Mundo em proporções preocupantes. No limite, podemos estar a assistir a uma “uniformização global”, ou seja, aos poucos, as invasões biológicas estão a promover a substituição de comunidades com elevada biodiversidade por “comunidades” monoespecíficas de espécies invasoras, ou com biodiversidade reduzida. Além disso, promove-se uma redução da variabilidade genética existente em cada região.
Em causa está a biodiversidade global e os serviços dos ecossistemas que suportam a vida. Estas espécies, mesmo quando pouco representativas, colocam sempre problemas de conservação, porque podem alterar os recursos disponíveis e a estrutura e o funcionamento do ecossistema, por exemplo, através da alteração das propriedades químicas do solo, do ciclo de nutrientes, do fogo e do regime hídrico, aumentando a competição, que pode impedir ou reduzir a regeneração das espécies nativas ou conduzir à sua exclusão.
Muitas espécies exóticas provocam alterações importantes nos ecossistemas em Portuga: Arundo donax (cana) originária da Ásia, Oxalis pes-caprea (azeda) originária da África do Sul, Pittosporum undullatum (árvore-do-incenso) originária do Sudeste da Austrália, Aillanthus altissima (ailanto) originária da China, Hakea salicifolia (salgueirinha) originária da Austrália, Hakea sericea (espinheiro-preto) originária da Austrália e da Tasmânia, Myoporum tenuifolium (mioporo) originária da Austrália Erygeron karvinskyanus (margacinha-dos-muros) rupícola, originária da Argentina.
Em Portugal, muitas das espécies que se comportam hoje como invasoras foram introduzidas em épocas passadas com objectivos que passaram pela fixação de areias (ex. chorão-das-praias, acácia-de-espigas), estabilização de taludes (ex. mimosa), utilização da madeira (ex. mimosa, austrálias) ou dos taninos (ex.acácia-negra), sebes vivas (ex. háquias), alimentação (ex. lagostim-vermelho) ou simplesmente ornamentais (ex. espanta-lobos, erva-das-pampas).
Nas áreas do litoral, o chorão (Carpoprotus edulis) oriundo da África do Sul é a espécie invasora mais espalhada. Em Portugal a sua utilização é severamente restringida pelo DL 565/99 de 21 de Dezembro. No entanto ao longo do litoral são inúmeros os exemplos de utilização do chorão para fins ornamentais, ou alegadamente para fixação das dunas.
Esta espécie tem como principais características um intenso crescimento, formando rapidamente extensos tapetes, os quais substituem a vegetação indígena. Promove ainda uma acidificação dos solos.
A solução para este problema reside principalmente na prevenção, i.e., evitar a introdução indiscriminada e descuidada de certas espécies.
Bibliografia:
www.uc.pt/invasoras
www.icn.pt
www.naturlink.pt
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