Vulgarmente descrito como um “cavalo pequeno mas robusto”, o garrano é um animal autóctone peninsular, e constitui com os seus 25 mil anos de idade uma das raças mais antigas do mundo. De facto, o garrano parece ter sido desde o início do quaternário um cavalo autóctone peninsular.
Parente próximo dos póneis do norte da Europa, o garrano é característico das regiões montanhosas, frias e húmidas, tendo evoluído na sequência do avanço e recuo dos glaciares do Paleolítico médio. Fruto da sua particular aptidão, rusticidade e adaptação às variações do clima pós-glacial (de frio e seco a temperado e húmido), o garrano surge assim como o Reliquat da fauna glacial do Paleolítico, sobrevivendo na Península Ibérica, contrariamente ao que sucedeu com muitas outras espécies, como a rena e o bisonte, que se viram obrigadas a emigrar para regiões do norte da Europa. É um animal de pequeno porte (cerca de
Bernardo Lima (1913) distingue duas castas ou raças para o tipo Céltico: a Castelhana e a Galiziana, sendo esta constituída na sua totalidade por cavalos garranos de rija têmpera, rufiões por índole. Como animal de elevada rusticidade o garrano surge assim, quer pela sua conformação física, quer pelos seus hábitos comportamentais, como um animal perfeitamente integrado e bem adaptado ao seu meio ecológico, chegando a adquirir até aos anos 60 um grande interesse comercial e utilitário. Com a progressiva mecanização de agricultura foram-se perdendo as suas tradicionais funções. Animal de elevada riqueza pecuária, é ainda considerado como o “rebelde primitivo do norte”.
O garrano é, juntamente com o cavalo lusitano e do sorraia, uma das três raças cavalares autóctones portuguesas. Com o seu solar étnico localizado no norte do país, em particular nas regiões montanhosas do Minho e limítrofes de Trás-os-Montes e Galiza, o garrano distribui-se actualmente por toda a região a norte do rio Douro, encontrando-se essencialmente nas zonas mais acidentadas. Fruto da sua particular aptidão como animal tipicamente de montanha, da elevada rusticidade e de uma perfeita adaptação ao meio ambiente, o garrano foi durante muito tempo utilizado para fins agrícolas e/ou de transporte. Com a mecanização da agricultura foram-se perdendo as suas tradicionais funções sendo, nos últimos anos, praticamente criado para abate.
O Parque Nacional da Peneda-Gerês possui um núcleo de garranos, os quais fazem parte da sua fauna autóctone. Poder-se-á considerar que estes animais representam também parte da riqueza pecuária da aldeia de Vilarinho das Furnas, hoje submersa pela albufeira formada pela barragem do rio Homem, uma vez que os animais fundadores foram seleccionados preferencialmente neste local.
Actualmente uma parte significativa do efectivo da raça encontra-se em estado profundamente adulterado. Por isso, é urgente elaborar planos de conservação adequados de modo a preservar esta raça e a sua variabilidade genética. Afinal trata-se de uma parcela importante do nosso património biológico e cultural.
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