De toda a diversidade de formas biológicas, apenas uma dúzia de espécies de animais foi domesticada pelo homem, de onde provem toda a proteína de origem animal que consumimos. Do mesmo modo, apenas cerca de 1% das plantas existentes são utilizadas para a alimentação humana. Então porque é importante mantermos a biodiversidade da vida dita “selvagem”?
A humanidade sempre dependeu dos serviços prestados pela biosfera e pelos seus ecossistemas. Para mais, a biosfera é em si própria o produto da vida na Terra. A composição da atmosfera e do solo, a circulação dos elementos pelo ar e pelos cursos hídricos, e muitos outros bens e serviços ecológicos são o resultado de processos vivos, e todos são mantidos e reabastecidos por ecossistemas vivos.
Um ecossistema é um complexo de comunidades de plantas, animais e micro-organismos e do ambiente não-vivo interagindo como uma unidade funcional. A espécie humana é uma parte integral dos ecossistemas. Os ecossistemas fornecem uma variedade de benefícios para o Homem, incluindo serviços de produção, de regulação, culturais e de suporte.
Os conceitos de biodiversidade e de ecossistema estão intimamente relacionados.
A diversidade é um aspecto estrutural dos ecossistemas, e a variabilidade entre os ecossistemas é um elemento da biodiversidade. Os produtos da biodiversidade incluem muitos dos serviços produzidos pelos ecossistemas (como alimento e recursos genéticos), e as mudanças na biodiversidade podem influenciar todos os outros serviços que os ecossistemas prestam.
A uma escala global as espécies contribuem para a reciclagem de elementos essenciais à vida, tais como água, oxigénio e carbono; para a formação do solo entre outros serviços de suporte de vida na Terra. Este tipo de serviços constitui a base de todos os outros serviços de ecossistemas.
É verdade que apenas uma dúzia de espécies de animais foi alvo de domesticação, e são a fonte da proteína animal que hoje consumimos, e apenas 1% das plantas existentes são utilizadas na alimentação humana. Poder-se-á dizer então que estamos directamente dependentes de um reduzido número de espécies. Este facto reforça a necessidade de conservar a biodiversidade da “vida selvagem”. Porquê? A diversidade genética da biodiversidade é a resposta.
Todas as culturas agrícolas para alimentação, incluindo o milho, o trigo e a soja, dependem de novo material genético existente na natureza, para que as culturas se mantenham saudáveis e produtivas. Assim, agricultores e criadores dependem da diversidade genética das culturas e do gado, para aumentarem a produção e para ser possível responder a alterações das condições ambientais. Variedades resistentes encontradas na natureza podem ser utilizadas ou cruzadas com as variedades domésticas, para garantir maior resistência e produtividade. Por exemplo, em 1960 foi encontrado na natureza um "parente" do milho, resistente a 4 das 8 maiores doenças que o afectam nos EUA. Uma vez que este cereal é a matéria prima para a produção de uma grande variedade de substâncias, incluindo rações para os animais domésticos, a utilização desta variedade de milho permite manter baixos os preços dos produtos à base do cereal, quando as pragas atacam as culturas.
A redução da biodiversidade conduz a um decréscimo da variabilidade genética e, tal como uma pessoa doente fica mais sujeita a certas infecções, é necessário conservar a biodiversidade para assegurar a saúde dos serviços prestados pelos ecossistemas, entre os quais se destaca a alimentação da espécie humana. A nossa sobrevivência depende da variabilidade genética da biodiversidade!
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